Já se passaram 12 anos desde que Assassin’s Creed 3 encerrou a história de Desmond Miles, o primeiro protagonista moderno recorrente da série e elo entre os jogos até aquele momento.
Falando em um evento da BAFTA realizado em Londres na última sexta-feira, com cobertura do Eurogamer, o chefe da franquia Assassin’s Creed, Marc-Alexis Coté, refletiu sobre as dificuldades da série em manter uma narrativa significativa e conectada desde então — e como isso será finalmente corrigido no futuro.
“Quando a franquia Assassin’s Creed foi criada, ela trouxe uma estrutura narrativa ousada e inovadora, com um arco moderno centrado em Desmond, entrelaçado às aventuras históricas”, recordou Coté. “A jornada de Desmond era o núcleo do conflito moderno, impulsionando a busca por artefatos poderosos dos Isu – as Peças do Éden – que poderiam alterar o curso da história. No entanto, com sua morte ao final de Assassin’s Creed 3, enfrentamos uma encruzilhada criativa.”
“Encerrar o arco de Desmond foi uma decisão difícil,” acrescentou Coté, “e depois disso, a história moderna teve dificuldades para encontrar seu rumo.”
Os jogos seguintes inicialmente não tinham um protagonista moderno específico, até que foi introduzida uma substituta para Desmond: Layla Hassan. Porém, o longo intervalo entre os jogos e as equipes diferentes por trás de cada lançamento causaram uma narrativa esparsa, inconsistente e repetitiva.
“A contínua ênfase em personagens em busca dos artefatos dos Isu tornou a narrativa mais previsível,” continuou Coté, “e reduziu o conflito entre Templários e Assassinos a uma simples disputa por controle sobre — sejamos honestos — relíquias mágicas. Essa mudança desviou o foco do que sempre esteve no centro da franquia: a exploração da nossa história.”
“Com essa abordagem repetitiva, tanto jogadores quanto críticos sentiram que a história moderna se tornou um elemento secundário, quase uma missão paralela, em vez de uma parte integral da experiência geral. Além disso, a complexidade acumulada em 15 anos de história paralela criou uma sobrecarga que tornou a franquia difícil de ser abordada por novos jogadores.”
A partir dos lançamentos iniciados com Shadows, os jogos de Assassin’s Creed serão integrados por meio de um único hub, inicialmente anunciado pela Ubisoft como Assassin’s Creed Unity, onde a narrativa moderna será centralizada. Mas por que os jogadores, que buscam apenas as aventuras históricas, deveriam se importar?
“Daqui para frente, nosso objetivo é colocar a história de volta no centro da experiência dos jogadores,” explicou Coté. “A narrativa moderna servirá para enriquecer, em vez de ofuscar, a jornada histórica. Ao contrastar de forma significativa o passado e o presente, pretendemos restaurar o equilíbrio que sempre foi a marca da franquia.”
“A história moderna abordará temas mais profundos de memória, identidade e autonomia, explorando como o passado molda quem somos e como controlar esse passado pode impactar nosso futuro. Esses temas permitirão que reflitamos sobre questões contemporâneas: liberdade versus controle, o poder do conhecimento e a tensão entre individualidade e conformidade, tudo através do olhar histórico.”
“As bases para essa nova direção começarão a se formar com Assassin’s Creed Shadows, que lançará os alicerces dessa evolução narrativa, que se desenvolverá nos próximos anos.”
É interessante ouvir Coté se referir a essa narrativa paralela como “história moderna”, especialmente após uma pista deixada nos arquivos de Assassin’s Creed Mirage de 2023 sugerir que a série poderia focar em revisitar a história a partir de um futuro distante. A Ubisoft ainda não esclareceu completamente o que esse teaser misterioso representa.
Para mais informações de Coté, leia as reportagens do Eurogamer sobre a forma como o chefe de Assassin’s Creed abordou as críticas criativas sobre Shadows e a decisão da Ubisoft de adiar o lançamento para reforçar a confiança na qualidade de seus jogos.